Criam a Biblioteca Latino-Americana das Memórias
Nos próximos dias se apresentará a Biblioteca Latino-Americana das Memórias, projeto que procura resgatar arquivos secretos das ditaduras latino-americanas, em uma tentativa de sistematização que estão realizando diversas organizações vinculadas ao trabalho de memória e cultura em Direitos Humanos.
Há muitos mais arquivos da ditadura que se conhecem, e de fato, muitos deles estão disponíveis para serem consultados pela cidadania, porém escondidos, dispersos e espalhados por vários centros de documentação.
É por isto, que o Instituto de Estudos Avançados (IDEA) da Universidade de Santiago de Chile apresentará a Biblioteca Latino-Americana das Memórias, iniciativa acadêmica e documental que procura resgatar e recopilar milhares de documentos, testemunhos e informação chave destes processos.
O responsável da iniciativa, o jornalista Mauricio Weibel, afirmou que se procura recolher material dos arquivos secretos das ditaduras latino-americanas, e que se vai ceder seu conteúdo à Associação de Universidades Grupo Montevidéu, formado por 31 universidades públicas da América do Sul.
O pesquisador acrescentou que a biblioteca estará disponível via on-line. “Todos os materiais vão estar digitalizados e, portanto, qualquer pessoa vai poder ter o acesso aos conteúdos com apenas um clique de distância”, afirmou.
Weibel destacou que a iniciativa se enquadra na necessidade de que o país conte com uma política cultural de Memória e Justiça de caráter permanente. Além disso, disse que hoje a biblioteca visa à segunda metade do século vinte, porém seguramente daqui a 30 anos, visará ao que acontece hoje, resgatando assim as memórias sociais do continente.
Nesse contexto é que a iniciativa conta com o apoio do Conselho Nacional da Cultura e das Artes, entidade que desde abril deste ano instalou uma Unidade de Memória e Direitos Humanos.
Francia Jamett, responsável desta unidade, afirmou que este é um projeto vital, porque as ditaduras latino-americanas se coordenaram de forma férrea e unida. “Todos sabemos o que significou em termos de terrorismo a articulação da Operação Cóndor ou da Operação Colombo, portanto, eu acredito que uma resposta de reparação simbólica vai ser que a América Latina também se coordene com este pilar da verdade”.
A UNESCO também está colaborando através de seu programa “Memória do mundo”, que procura promover cultura dos Direitos Humanos e da Paz. Desde o escritório da UNESCO em Chile, Andrés Pascoe disse que no continente se viram alguns esforços individuais ou muito parciais sobre a preservação deste tipo de arquivos, porém que não existe uma necessária sistematização.
“É uma iniciativa importantíssima, já que a conservação dos documentos relativos a Direitos Humanos e s ditaduras sul-americanas, constituem um acervo indispensável para evitar que se repitam e que se esqueçam os horrores que se padeceram”, disse Pascoe.
Fonte: radio.uchile.cl