Presidentes da região na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas
O debate geral da 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, aberto ontem 28 de setembro, e realizado no marco da aprovação da nova agenda mundial para o desenvolvimento dos próximos 15 anos, reúne a mandatários de 140 países do mundo. A sessão se estenderá até o próximo dia 3 de outubro, e conta até o dia de hoje com a intervenção de diversos mandatários Latino-Americanos.
A continuação, um breve resumo das colaborações de alguns mandatários da região:
Chile
A presidente Bachelet se referiu à crise da paz que existe em Oriente Médio, Europa e África e a necessidade de realizar um desenvolvimento sustentável com maior igualdade tanto no nível nacional como internacional. Ademais apelou a que os sistemas financeiros, monetários e comerciais internacionais “funcionem mais democraticamente”, insistindo que isso atualmente não sucede.
Ao mesmo tempo, a presidente anunciou que seu país se compromete em reduzir 30% suas emissões de gases contaminantes de aqui a 2030, e apontou que essa diminuição poderia alcançar um 45% se contasse com o apoio da comunidade internacional.
Em seu discurso ante a 70ª Assembleia Geral da ONU, Bachelet também indicou que seu país procurará recuperar 100.000 hectares de bosques e reflorestar 100.000 hectares mais.
Brasil
Por seu lado, Dilma Rousseff defendeu as medidas fiscais adotadas por Brasil como via para equilibrar as contas públicas e recuperar o crescimento econômico, lembrando o estímulo ao consumo que criou milhares de empregos nos últimos anos, ressaltando que “esse esforço chegou ao limite” por razões fiscais internas e externas.
Ao mesmo tempo se referiu às medidas propostas pelo país contra o esquentamento global, como “um grande esforço” para reduzir suas emissões, investir em energia limpa e evitar o desmatamento.
Brasil tem como meta reduzir em 43 por cento a emissão de gases de efeito estufa até 2030, utilizando 2005 como ano base. E enquanto ao florestamento e reflorestamento, o país propõe terminar com o desmatamento ilegal até 2020, tempo em que prevê recuperar 12 milhões de hectares de bosques e 15 milhões de hectares de pastagem degradadas.
Com respeito à grave crise migratória, a mandatária brasileira afirmou que o Brasil tem “os braços abertos” para receber aos imigrantes que tiveram que sair de seus países por diversos motivos. “Somos um país formado por refugiados; estamos com os braços abertos”. “É um absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”.
Equador
O mandatário equatoriano, Rafael Correa, fez um chamado aos países que formam a Organização das Nações Unidas a “caminhar para uma declaração universal dos direitos da natureza” para mitigar os efeitos da mudança climática e alcançar melhores níveis de vida a nível mundial.
Segundo o mandatário, para melhorar no cuidado do planeta, é necessário superar as brechas que existem entre os países ricos e pobres, e para isso, manifestou que deve existir “acesso ao conhecimento, a ciência e a tecnologia”.
A respeito da mobilidade humana Correa manifestou que um dos princípios dos governos no mundo deveria ser “dar as pessoas uma vida digna, plena, em igualdade de condições como qualquer outro ser humano”.
Recalcou que “é lamentável que se promova a livre circulação de capital e mercadoria e se penalize a livre mobilidade de pessoas procurando um trabalho”. E manifestou que “a ausência na Agenda 2015 – 2030 de um objetivo direto sobre livre mobilidade é uma lamentável omissão”.
Argentina
A presidente Cristina Fernández de Kirchner ressaltou a iniciativa argentina em sua luta com os fundos abutres, que motivaram a aprovação de nove princípios para reestruturar dívidas soberanas na ONU, defendeu o Memorando de entendimento com Irã para esclarecer o atentado à AMIA e advertiu que “não se pode seguir com a hipocrisia e o duplo padrão em matéria diplomática”.
A presidente considerou aos nove princípios como a “primeira tentativa a sério de razoabilidade e regulação para o setor financeiro” e apontou contra a “perseguição” que sofreu a Argentina por parte dos fundos abutres, alertando sobre a “cumplicidade de certo setor judicial” estadunidense.
Bolívia
O presidente Evo Morales chamou a Chile, por terceira vez, a resolver o tema do mar por meio de um diálogo concertado. Afirmou que o objetivo não é que existam ganhadores nem perdedores e lhes lembrou aos países membros da organização que a Corte Internacional de Justiça reconheceu, há quatro dias, que existe um tema pendente entre ambos os países.
“A máxima instância para fazer justiça do mundo, criada pelas Nações Unidas, reconhece que existe um tema pendente e quero dizer aos irmãos chilenos, especialmente ao povo chileno, não queremos aqui nem ganhadores nem perdedores, queremos mediante o diálogo resolver, e juntos trabalhar pelo bem de nossos povos”, afirmou o Mandatário.
Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa na Guerra do Pacífico que enfrentou a ambos os países, mais Peru, em 1879. Morales disse na Assembleia que seu reclamo se sustenta devido a que se tratou de uma invasão alentada pela oligarquia chilena sob a proteção de interesses ingleses.
Cuba
É importante ressaltar que todos os presidentes mencionaram o restabelecimento das relações entre Estados Unidos e Cuba, e ao mesmo tempo reclamaram à Assembleia Geral da ONU o restabelecimento definitivo do bloqueio econômico, comercial e financeiro.
Em sua alocução, o presidente cubano, Raúl Castro, também exigiu o fechamento da prisão de Guantánamo.
Concomitantemente lamentou que o gozo dos Direitos Humanos seguisse sendo uma utopia para milhões de pessoas no mundo, também condenou a continuidade das guerras no Oriente Médio. “Não é possível que diariamente umas 17 mil crianças morram de doenças curáveis, enquanto que em todo o mundo o gasto militar supera aos 1.7 trilhões de dólares”, condenou.
No dia de hoje, terça-feira 29 de setembro, o presidente Castro e seu par Barack Obama, se reunirão por primeira vez depois de abrirem as embaixadas de ambos os países em julho passado, trás a mais de 50 anos de ruptura.
Fonte: Prensa Nações Unidas e Nodal - http://www.nodal.am/ ">Notícias da América Latina e o Caribe