Cúpula dos Povos Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
De forma paralela à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável está se realizando um evento organizado pela sociedade civil global chamado Cúpula dos Povos, no qual expressam que a falta de ações para superar a injustiça social e ambiental frustrou expectativas e fez crescer a desconfiança em relação a ONU.
A principal proposta da Conferência das Nações Unidas é a chamada "economia verde", considerada pelas organizações reunidas na Cúpula dos Povos como insatisfatória para enfrentar a crise do planeta.
A Cúpula dos Povos reclamou um vasto programa de "consumo responsável", que inclua uma nova ética do cuidado e do compartilhar; uma preocupação contra a obsolescência planificada dos produtos; uma preferência pelos bens produzidos pela economia social e solidária, baseada no trabalho e não no capital; e uma reprovação ao consumo de produtos realizados sob trabalho escravo.
A Assembleia Permanente dos Povos – o principal fórum político da Cúpula- organizou-se em torno a três eixos nos quais se debateram as causas estruturais da atual crise civilizatória, sem fragmentar-la em crises específicas – energética, financeira, ambiental e alimentar. Com isso, afirma novos e alternativos paradigmas construídos pelos povos apontando a uma agenda política para o próximo período.
Por isso, a Cúpula dos Povos foi organizada livre da presença corporativa e com base na economia solidária, agroecologia, em culturas digitais, ações de comunidades indígenas e comunidades remanescentes (quilombolas).
Um dos eventos destacados desta Cúpula dos Povos foi o II Fórum Mundial de Meios Livres. Depois de debater aspectos como direitos da comunicação, gênero, tecnologias e políticas públicas, em sua sessão plenária o Fórum reuniu as propostas formuladas, que incluíram entre outras: iniciar um processo para elaborar uma Carta de princípios dos Meios Livres.
Neste âmbito, uma das propostas foi fortalecer a articulação entre movimentos sociais e meios livres, para enfrentar a hegemonia dos grandes meios nos debates ambientais e sociais.
Considerando à comunicação como um bem comum, o Fórum propôs igualmente que os movimentos utilizem e se apropriem dos meios livres para fortalecer a solidariedade entre os povos que estão em luta pelos direitos e pela liberdade, a fim de romper a barreira midiática.
A decepção e o ceticismo marcaram o final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O próprio Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, admitiu que esperada da Rio+20 um documento mais ambicioso que o que foi aprovado pelos negociadores.
Entre os mandatários que manifestaram sua insatisfação, o mais claro foi o presidente do Uruguai, José Mujica, que afirmou que o mundo necessita urgentemente reformar o modelo econômico, dominado pelas forças do mercado e pelo consumismo, para salvar o planeta. E ressaltou que as medidas acordadas pelos negociadores não atacam a verdadeira causa da crise, que é esse modelo econômico.
O presidente boliviano Evo Morales propôs que todos os países nacionalizem seus recursos naturais para evitar sua mercantilização e garantir seu acesso a toda a população.
Nas palavras de Ignacio Ramonet expostas de maneira prévia à realização da Cúpula: "A Conferência das Nações Unidas oferece a ocasião para os movimentos sociais reafirmarem em escala internacional, sua luta por uma justiça ambiental, em oposição ao modelo de desenvolvimento especulativo. Além de sua rejeição as tentativas de 'verdear' o capitalismo... pelo contrário, trata-se de uma 'falsa solução', que poderia agravar o problema da mercantilização da vida. Em resumo, um novo disfarce do sistema, e os cidadãos estão cada vez mais cansados de disfarces... e do sistema".
Baseado no site web da Cúpula dos Povos e Outras Palavras